A predisposição para dormir um número maior ou menor de horas é passada geneticamente.Sete horas é apenas uma média estatística. O problema de quem só se satisfaz dormindo 9 ou 10 horas não é de saúde mas de imagem pública. Quanto mais a sociedade valoriza o trabalho e a produtividade, menos bem vistas são as pessoas que dormem mais. Na França, até o século XVII, antes da Revolução Industrial, o verbo (rever = sonhar) queria dizer algo (ruim = vagabundear).
A herança desse preconceito é a crença, comprovadamente falsa, de que pessoas "superiores ou mais inteligentes" dormem pouco. Napoleão Bonaparte, assim como Thomas Edison se contentavam com apenas 3 a 4 horas de sono. Napoleão ainda afirmava que "os homens precisavam dormir 6 horas; as mulheres, 7; os imbecis, 8", frase que a ciência se encarregou de provar como pouco inteligente. Pessoas idosas tendem a dormir menos e nem por isso ficam menos dotadas intelectualmente. Mas, não é só a duração média do sono que parece determinada geneticamente — a hora em que se vai para a cama também.
Einstein dormia cerca de 10 a 12 horas por noite.
A Cronobiologia — área do conhecimento que estuda a interação do tempo com os ritmos do organismo — divide as pessoas em três tipos, de acordo com seu sono:
INDIFERENTES: a imensa maioria, são capazes de se habituar a dormir e acordar, em qualquer horário, o que não quer dizer que sejam capazes de adormecer a qualquer momento.
VESPERTINOS: representam 1 em cada 10 — têm os ciclos de produção de hormônios ligeiramente atrasados em relação aos demais; por isso, o pico de seu desempenho físico e mental ocorre à tarde e à noite. Os vespertinos não deixam de acordar cedo, se necessário; mas, se possível, ficam na cama até o meio dia.
MATUTINOS: representam 15% da população, acordam espontaneamente por volta das 6 da manhã, mas, tendem a ficar muito lentos após as 22 horas. Essa classificação é fundamentada de acordo com a variação hormonal que, por exemplo, determina os picos de fadiga.
De acordo com estudos realizados, todos os vertebrados são bimodais, ou seja, sentem sono 2 vezes por dia. Para os humanos, um desses períodos ocorre entre 12 e 14 horas, tenham, ou não almoçado. De qualquer maneira a Siesta — hábito de dormir após o almoço — teria aí seu fundamento orgânico.
O importante é entender que o ritmo biológico não muda. Assim, pelo fato de ter evoluído como um animal diurno, o homem jamais conseguirá trocar a noite pelo dia sem obter como consequência sérios prejuízos para a saúde.Referências:
- Monk, T H et al. Effects of Afternoon “Siesta” Naps on Sleep, Alertness, Performance, and Circadian Rhythms in the Elderly. Sleep; v. 24, n. 6, 2001.
- Sack R L et al.Circadian Rhythm Sleep Disorders: Part I, Basic Principles, Shift Work and Jet Lag Disorders An American Academy of Sleep Medicine Review Sleep; v. 30, n. 11, 2007.
- Sono, sonho e seus distúrbios. Rubens Reimão, 1999.
- American Academy of Sleep Medicine. International classification of sleep disorders. Diagnostic and coding manual (ICSD-2). 2nd ed. Westchester, IL, 2005.
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