Os problemas de sono são bastante comuns na população idosa. Em geral, as pessoas com mais idade necessitam de menos horas de sono (cerca de 5 horas), além de terem o sono mais superficializado.
Dores crônicas de doenças como artrite, necessidade de
urinar com frequência e estimulantes como café e álcool contribuem para a falta
de sono. Além disso, condições neurológicas associadas ao envelhecimento, como
a doença de Alzheimer, também podem causar problemas de sono.
Estima-se
que os distúrbios do
sono afetam em torno de 50% das pessoas com mais de 60 anos. Um
grande número de idosos apresenta alterações na qualidade do sono,
principalmente as dificuldades para adormecer, sono fragmentado ou superficial.
Nos idosos é comum a inversão do dia pela noite (acordado a noite e sonolento
de dia). Uma das primeiras alterações que podem predispor aos distúrbios do
sono é a alteração do horário de acordar (muito mais cedo na velhice).
Além da
insônia, os distúrbios do sono mais frequentes no idoso são a sonolência
diurna, o ronco e a apneia do sono. A insônia tem por definição a dificuldade
de iniciar e manter o sono. É classificada com relação a parte do sono
comprometida, sendo insônia inicial quando a pessoa demora para adormecer,
insônia intermediária quando acorda durante a noite e a insônia final quando
acorda muito cedo.
A
sonolência excessiva durante o dia se caracteriza pelo fato de a pessoa dormir
demais ou por passar dormindo a maior parte do dia em que deveria estar
acordada. Pode ser uma conseqüência da insônia, que para compensar, o idoso
acaba dormindo em excesso de dia. Pode ser causada também por hipotireoidismo,
hipoglicemia ou por uso de medicamentos como anti-histamínicos, tranquilizantes
ou antidepressivos.
O ronco é a
forma mais comum do organismo se manifestar diante de uma dificuldade
respiratória que ocorre durante o sono. É um ruído caracterizado pela vibração
dos tecidos moles da garganta, principalmente, a úvula - "campainha".
Tem como uma das causas a flacidez muscular devido ao envelhecimento.
A apneia do
sono representa um estágio mais avançado em relação ao ronco e é frequente em
idosos. Durante o sono ocorrem paradas respiratórias as quais ocasionam sono
agitado por causa dos repetidos despertares ao longo da noite devido a falta de
ar. A apneia do sono está relacionada com problemas cardíacos, derrame cerebral
(AVC), quadros de depressão, dores de cabeça pela manhã, lapsos de memória,
dificuldade de concentração e sonolência excessiva diurna. Afeta cerca de 40%
da população geral, sendo mais comum em homens a partir dos 40 anos e acima do
peso e mulheres pós menopausa.
O tratamento dos distúrbios do sono varia em
função da gravidade e das necessidades de cada pessoa. Por exemplo, o uso de aparelhos
bucais é indicado para casos de ronco e apneia leve ou moderada. Para os casos
de apneia grave a indicação é o CPAP, porém se a pessoa não se adaptar, o
aparelho bucal pode ser muito útil com eficácia em torno de 60%.
As alterações do sono no idoso
merecem atenção especial porque eles podem apresentar outras doenças clínicas
como depressão, demência, ansiedade as quais aumentam os riscos de tontura e
acidentes domésticos, mas, principalmente, pela queda na qualidade de vida.
Referências:
- ITO, F. A. et al. Condutas terapêuticas para tratamento da síndrome da resistência das vias aéreas superiores (SRVAS) e da síndrome da apnéia e hipopnéia obstrutiva do sono (SAHOS) com enfoque no Aparelho Anti-Ronco (AAR-ITO). Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, v. 10, p. 143-156, 2005.
- KUSHIDA, C. A. et al. Practice parameters for the treatment of snoring and Obstructive Sleep Apnea with oral appliances: an update for 2005. Sleep, v. 29, n. 2, p.240-243, 2006.
- RIBEIRO, T. C.; ITO, F. A. Distúrbios do Sono – De olhos bem abertos. Revista Psique, Edição 51, p. 22-27, 2010.
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